sábado, 14 de novembro de 2009

Why so serious?

Sou bem tímido. Aliás, sempre fui. De nascimento, creio. Por isso, pra sobreviver às primeiras “interações sociais” desenvolvi uma tática: o humor. Fazer piadas, por mais idiotas que fossem – em geral, sempre eram mesmo.

Acho que deu certo. Embora tenha desenvolvido um vício – talvez – irritante: as piadas ruins. Mas, de certa forma, essa “tática” me rendeu um bom ensinamento: rir de tudo, levar a vida na esportiva.

Não consigo entender as pessoas que reclamam tanto. E não falo daquela reclamação rabugenta, do mau humor divertido. Estou me referindo àqueles que enxergam drama em qualquer situação que vivem. Que parecem ver, a cada obstáculo, um sinal do fim do mundo.

“E agora, o que vou fazer?”. Uma dica: o primeiro passo é parar de chorar. A única piada sem graça que a vida pode nos pregar é a morte. De todas as outras, é possível dar risada.

Creio que a maior lição que aprendi foi ensinada pelo meu primo Bruno. Tínhamos a mesma idade – nascemos com apenas uma semana de diferença. E aos 16 anos, durante a briga contra o câncer, ele teve que amputar uma das pernas. Eu lembro que fiquei quase um ano sem ir ao Rio de Janeiro, pois tinha medo de não agüentar ver meu “meio-irmão” naquela situação.

Quando finalmente criei coragem, vi uma cena que lembro até hoje, com riqueza de detalhes. Abri a porta do apartamento do Bruno, e ele estava sentado no fundo da sala. Ao me ver, levantou-se do sofá e veio rapidamente em minha direção, pulando em uma perna só. E o que trazia com ele? Um grande e sincero sorriso.

Os dias se passaram, e a felicidade do Bruno me surpreendia a cada instante. Parecia ter mais ânimo que qualquer um de nós. Eu nunca tinha visto alguém jogar bola de muletas. E vibrar tanto a cada lance.

É essa a recordação – e também esse o ensinamento – que carrego comigo. Acho que o sorriso é um sinal, mesmo que momentâneo, do otimismo. Afinal, o oposto – o pessimismo – normalmente não vem acompanhado dele.

É o pessimismo que faz com que as pessoas sofram por antecedência. Por que tantos teimam – quando pensam sobre algo que ainda não se tem certeza – em esperar sempre pelo pior? Por que não damos crédito à vida, será que ela não pode nos surpreender de forma positiva? É claro que pode.

Enfim, se for pra chorar, que seja por um bom motivo. Senão, vale muito mais a pena sorrir e aproveitar a vida. Mesmo que a piada não seja tão boa!

“Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.”

(Dalai Lama)


“Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...”


(O que é, o que é? - Gonzaguinha)