quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Adeus Ano Velho...


Diz a lenda que aquilo que fazemos no réveillon se repetirá por todo o ano. Será que isso é verdade? Resolvi tirar a prova! Mas como minha memória é fraca, vou me ater à última "virada", a de 2008 para 2009.

31 de dezembro de 2008. Eu estava de plantão na tv. Não me lembro ao certo, mas devo ter trabalhado das oito horas da manhã até oito horas da noite, como é de costume num plantão. Depois do expediente, fui para Pindamonhangaba. A programação: festa da família da minha então namorada, na casa de um primo dela.

A opção foi boa. A casa estava cheia e oferecia até um mini salão de jogos, com mesa de bilhar e pebolim. Bebemos, conversamos, demos risada, jogamos. Chegou então a meia-noite, e com ela o ano de 2009. Fogos. Abraços na família e também nos outros parentes dela que eu acabara de conhecer. Foi tudo bem divertido, mas acabou sendo breve. Como estávamos os dois de plantão, fomos embora cedo da festa. Afinal, o dia 1 de janeiro nos reservava mais doze horas de jornada no trabalho.

Alguns dias se passaram e logo chegaram as férias. Tempo de viajar! Primeiro o litoral sul de São Paulo. Depois Curitiba e Ilha do Mel. E, por fim, o Rio de Janeiro, com direito a passagem pela Região dos Lagos. Tudo muito bom! Mas as férias nunca duram o quanto precisamos. E logo estava de volta ao trabalho.

Fevereiro passou sem grandes novidades. Afinal, no mês mais curto do ano, apenas o Carnaval salva. Março sim foi um mês daqueles. No dia 11 completei 27 anos. E poucos dias depois, me dei um carro, de presente. Confesso que já ganhei presentes que usei bem mais. Aquilo não é um carro, e sim um barco. Onde já se viu comprar um carro só porque o nome dele é o mesmo do Wolverine? E até hoje tento vender meu Logan.

Nos meses seguintes, brinquei de aprender a dirigir. Não com o Logan, mas sim com um bom e velho Uno. Cometi algumas pequenas barbeiragens, mas atingi meu objetivo: não matei ninguém! E assim passou Abril. Maio e Junho também se foram. Julho seguia o mesmo caminho, até que aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo veio o inesperado. "Aí sim, fomos surpreendidos novamente", diria o velho Zagallo. O fim de um namoro de mais de três anos. História que contei no primeiro post, sobre o dia 30 de julho -- "Uma vida em um dia".

Agosto foi um mês de reflexão. De parar e pensar na vida. Um mês para reconstruir.

O recomeço mesmo veio em Setembro. Hora de buscar coisas novas. Escrever um blog, voltar à academia, procurar hobbys diferentes. Esse mês serviu também para estabelecer novas e importantes amizades, e se reaproximar de velhos e bons amigos.

E foi ao lado dos novos e velhos amigos que passei por Outubro, Novembro e Dezembro. Pode parecer pouco tempo, mas foi o suficiente para viver histórias das quais vou me lembrar para sempre!

Se é verdade que aquilo que fazemos no réveillon se repete por todo o ano? Com base em 2009, aposto que sim! Afinal, esse ano que passou foi uma festa! Com direito a conhecer novas pessoas, reencontrar velhos amigos, beber, sofrer com a ressaca, se divertir e se despedir. Talvez cedo demais. Talvez no tempo certo.

E que venha 2010! Uma nova festa! Melhor ainda se for "open bar"!


"Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais SIM do que NÃO"


(Lulu Santos)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Assim Seja

A foto acima foi tirada na Primeira Comunhão da minha irmã Marina e da minha prima Maria Luiza. Era manhã de domingo. Acordamos cedo – coisa que eu não estava acostumado a fazer – e fomos para a Igreja da Santa Terezinha. Eu não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas sabia que a cerimônia era importante. Até minha avó materna e meus primos vieram do Rio de Janeiro para acompanhar.

Mesmo assim, eu não tinha conhecimento do real significado da Primeira Comunhão. Para mim, as aulas só serviam para ocupar as manhãs de sábado. E as crianças só faziam o curso porque eram obrigadas pelos pais. Isso aconteceu com meus primos e com meus amigos. Por sorte, a postura da minha mãe era outra. Ela deixou que escolhêssemos. E eu nunca quis fazer. Preferia dormir ou jogar bola.

Com minha irmã foi diferente. Ela fez o curso e por isso, naquele domingo, estávamos reunidos. Eu vestia camiseta e bermuda brancas, e usava um tênis sem meia, com o cadarço ridiculamente amarrado em volta da canela. Eu estava me divertindo? Sim. Mas por um simples motivo: íamos tirar várias fotos. Ou seja, seriam várias oportunidades de fazer “chifrinhos”. Minha mão já estava tão preparada para essa missão que o “chifrinho” nem saía mais dela. Como prova a foto.

A cerimônia foi realizada. Para mim, parece que demorou uma eternidade. Lembro que tudo era muito chato, com exceção da menina gordinha que caiu quando ia receber a hóstia e das brincadeiras com meus primos. Será que fazer “chifrinho” no altar é pecado? Depois disso, os anos se passaram e eu custei a voltar a uma igreja.

Por volta dos 12 anos, me recordo da pergunta que uma tia me fez: “Você não é católico?”. Eu nunca tinha parado para pensar nisso. Naquele momento, refleti. Eu nasci numa família católica. Fui batizado. Quando tinha medo de algum monstro, rezava. Mas não, eu não era católico. E enfrentei certo conflito interno ao concluir algo além: eu era ateu.

Quando minha tia escutou aquilo, quase teve um ataque. “Quer dizer que você gosta do diabo?”, ela perguntou. Dessa vez, nem precisei pensar para responder. “Claro que não”. Quem não acredita em Deus vai acreditar no seu arquiinimigo? Os religiosos que me perdoem pela comparação, mas seria o mesmo que confiar na existência do Lex Luthor quando se duvida da veracidade do Super-Homem.

É fácil ser ateu num país predominantemente católico? Não. As pessoas mais próximas sempre souberam da minha crença. Digo isso porque, para mim, o ateísmo não é uma ausência de crença. E sim acreditar de forma diferente.

Nunca menti, nunca disse ser católico ou possuir qualquer outra religião. Mas confesso que, em algumas ocasiões, omiti o fato de ser ateu. E por que será que fiz isso? Em relação a meus avós, acho que foi para não criar desgosto. Ou polêmica, já que os dois lados da família são bem ligados à Igreja. O mesmo fazia com as famílias das namoradas, ou quando estava em algum lugar onde fosse acontecer alguma novena. “Julio, você não reza? Por que fica quieto?”, foi uma pergunta que ouvi muito. “Eu rezo em silêncio”, eu respondia, sem graça. Até porque acho que já esqueci os versos do Pai-Nosso e da Ave-Maria.

Outra coisa: ser ateu não é uma escolha. Assim como imagino que ser cristão também não seja. Não se decide no que acreditar. Podemos até receber educação religiosa, sermos introduzidos no catolicismo, presbiterianismo, umbanda, que seja. Mas tudo vai depender das coisas que vivenciarmos. São os acontecimentos que definem quem somos. Não é possível se forçar a acreditar que o céu é azul quando se enxerga um horizonte de outra cor.

Esse texto não é para tentar “catequizar” ninguém às avessas. Primeiro porque não sou o dono da verdade, e posso facilmente estar enganado. Segundo, porque sempre respeitei as religiões. As instituições não, pois acho que estão corrompidas em sua maioria. Mas o poder da fé é inegável. E gosto de ver atos que demonstrem tamanha devoção. Acho que as pessoas que os têm encontram uma paz que não tem preço.

Já ouvi muito se dizer que quem não tem Deus no coração não é feliz. Discordo. Sou feliz. Sempre fui. Era antes de perceber que não era católico. E sou igualmente depois de concluir que sou ateu. Ou melhor, acho que sou até um pouco mais feliz agora. Afinal, as festas religiosas continuam servindo para reunir a família e matar a saudade de pessoas que gostamos muito, mas não podemos ver tanto. O Natal está logo aí, e é prova disso. O que mudou então? Ao contrário da Primeira Comunhão, a ceia e a entrega de presentes acontecem à noite, e posso dormir até mais tarde.

Amém.


"Com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também."

(Jesus Cristo)