terça-feira, 25 de agosto de 2009

O homem mais sortudo do mundo



Eu tenho rinite. Praticamente não respiro pelo nariz. Mas calma. Obviamente não é por isso que sou “O homem mais sortudo do mundo”.
Mas existe, sim, certa relação. Pois o título desse texto faz referência a uma das pessoas que fazem minha vida ter sentido -- e dão "cheiro" às coisas que acontecem nela.

Sim, apesar da rinite, eu sou o homem mais sortudo do mundo. Afinal, quantas pessoas nascem tendo, a seu lado, o melhor amigo, já pronto?
Tudo bem. Ele não estava literalmente a meu lado. E também não estava exatamente pronto. Com apenas um ano e pouco mais de um mês, ele devia estar em casa. Possivelmente dormindo. E provavelmente nem tinha consciência de que acabara de ganhar um irmão.

É lógico que eu não me lembro do primeiro contato com ele. Eu, com certeza, não disse nada. Ele, talvez, tenha chorado. Mas não por minha causa. E sim por fome.
A memória também não guarda os primeiros anos dessa amizade. Mas as fotos revelam que foram especiais.

Das partidas de futebol me recordo bem.
Primeiro, de botão. A coleção que herdamos de nosso pai – e desperdiçamos, brincando de jogar tudo para o alto. A nossa própria coleção, que tentamos fazer em parceria – e desfizemos, depois de algumas desavenças. E também das vitórias da minha poderosa União Soviética, que tinha a muralha Dasaev (uma mistura de caixinha de fósforo, parafusos e fita isolante), em cima da fraca Romênia dele, do decadente craque Lacatus.

O futebol também ganhava as ruas. E aí, ele era insuperável. Por mais que eu me esforçasse, meu irmão conseguia fazer a bola passar pelo gol de pedras mais vezes. Diferença que só desaparecia quando jogávamos no mesmo lado. Quando, com nossos primos, formávamos o time dos Codazzi. Simplesmente imbatível.

Também sabíamos jogar futebol em dupla. No quarto, apenas com uma bola de tênis e um gol rabiscado na parede. Ou durante uma tempestade, no campinho de um condomínio em Iguaba Grande. Nunca me esqueci de uma defesa que fiz, em cima de uma poça d’água. Engoli barro e grama. Mas salvei aquele gol.

A nossa dupla não brilha apenas no futebol. Ela existe em qualquer campo. Existe apesar de todas as brigas que já tivemos. E existe, principalmente, por todas as brigas que ele já comprou, apenas para me defender.

Já ficamos meses sem trocar uma palavra sequer. Eu já disse coisas que o magoaram. E já escutei algumas também. Mas, quase três décadas depois, nossa amizade continua forte. Intacta.
Talvez eu nunca tenha dito o quanto gosto dele. O quanto ele é importante, e o quanto eu me orgulho de tê-lo como meu irmão. Mas acho que isso nem é necessário. Afinal, já éramos os melhores amigos antes mesmo de aprendermos a falar.

2 comentários:

  1. Pensei mil vezes em escrever um texto sobre você no meu blog, mas acabo de desistir da idéia. Você disse tudo o que eu queria dizer e não consegui. Te amo...ontem, hoje e sempre. Lembra quando iamos no estádio, ainda crianças?! Pois é, sentavamos sempre lado a lado. Em tudo na minha vida a poltrona do lado está reservada pra você.

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  2. Nossa agora te elogio... que linda declaração ao seu irmão!!! Parabéns!!!

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